A Lisa vai fechar a cara

A ciência tem razões que a própria razão desautoriza, despreza e abomina. Pois não é que "pesquisadores" resolveram remexer nas ossadas de velhas igrejas florentinas para achar a caveira da Lisa Gherardini, mais conhecida nas rodas sociais como Mona Lisa? Nem a bela jovem de enigmático sorriso pode resistir a quinhentos anos de decomposição. Que graça terá ver finalmente os dentes da Sra. Gioconda, se é que dentes restaram, e ver de quebra suas raízes, as órbitas vazias, o maxilar desarticulado?
Vocês terão de perguntar a Silvano Vinceti, que está violando tumbas na basílica de Santissima Annunziata, em Florença, armado, além de pá e picareta, de testes de ADN. Ele quer achar os restos de Piero, filho de Lisa, e compará-lo com o esqueleto que já desenterrou no convento de  Santa Orsola, no qual a musa de Leonardo passou seu último ano de vida. Obtidas as respostas, que fará ele com os despojos? Exibi-los detrás de um vidro impenetrável, como o quadro do Louvre, para uma fila de basbaques, cada um ficando diante deles o mesmo tempo que leva para passar numa catraca de metrô?
Ah, agora me lembro, esse tal de Vinceti é o mesmo que, algum tempo atrás, desenterrou ossos que poderiam ser de Caravaggio, para esclarecer não sei bem o quê. É, o rapaz não toma jeito. Acautelem-se, artistas e modelos, descanso eterno virou apenas frágil metáfora.

11/09? Esperem sentados.

O Louvre resolveu abrir filiais em outros pontos da França, para facilitar aos que não podem ir a Paris admirar alguns de seus tesouros. Mal foi aberta a filial de Pas de Calais e lá exibida a tela A Liberdade guiando o Povo, do Eugène Delacroix, ocorre um problema. Uma mulher, não identificada para nós, pobres mortais, escreveu com um marcador hidrográfico sobre a tela revolucionária um código secreto: AE911.

Bem, não tão secreto, pois já foi mais que divulgado que se trata do inconcluso endereço  AE911truth, ou, em língua de gente, Arquitetos e Engenheiros pela verdade do 11 de setembro. Um sítio da Internet em que os citados profissionais e outros menos estudados investigam as tramoias por detrás da história que conseguiu desbancar a morte de John Kennedy como a “história mais mal contada da História”: o desabamento das torres gêmeas, sem esquecer do terceiro prédio que caiu e desapareceu como por encanto das notícias e das crônicas.

Por sorte a mensagem era lavável e um dos expertos do Louvre já limpou a tela. Quanto as batotas do 11/09, fiquem tranquilos, o Obama prometeu chamar o senador Warren para investigar tudo, tintim por tintim. Já foi criada a comissão, é só esperar... sentados.

O velho "tube" a a arte

Aqui no Brasil não é comum transporte urbano fazer propaganda; eu, pelo menos, nunca vi. Mas parece que em Londres a prática de seu metrô, chamado informalmente de "tube", alardear suas vantagens é, literalmente, centenária. A comemoração dos 150 anos da inauguração do metrô londrino deu pretexto ao Museu dos Transportes de lá para fazer uma exposição de 150 cartazes de propaganda do metrô, veiculados em mais de 10 décadas. Destaco o acima, que convida as pessoas a usarem o metrô para visitar a Tate Gallery (hoje seriam as Tates, pois há a Britain e a Modern). Considero-a uma grande peça de desenho, criada por David Booth em 1987, e que se baseia numa obra-prima de desenho conhecida em todo mundo, o mapa do metrô criado por Harry Beck ainda na década de 1930 e aperfeiçoado por Harold Hutchison nos anos 1960. Esse cartaz diz tudo, com uma incrível economia de elementos.
Vejam aqui uma pequena amostra dos cartazes, na BBC-Brasil.